segunda-feira, 21 de março de 2011

Bom Dia

Ainda durmo e sinto
o cheiro do seu cigarro
que é a pura anunciação
de mais um sol.
Sinto o cheiro do seu sorriso
e da sua orelha
quando me beijas.
Te agrego a mim
enquanto deixo a minha alma
nos seus lençóis e digo:
-Quero estar ao seu lado sempre
no primeiro cigarro do dia.

06/02/2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Momento VI

Como se não o visse mais, o desejo;
respiro-te como se fosse permitido
e assim, agrego-o a mim, inamovível.
Deixas a cama minha inundada de anseios
e entre eles, não há dependência.
Por que te amo, não dependo.
Pouco me importa o que dizes,
e se perguntarem se me amas,
negue.
Colo-me a compaixão.

Não é justo exigir que seja terreno
o que no meu peito é celeste,
recuso-me reter a eternidade num quarto lacônico.
Se te assustas, prenderei-me a mim
e o deixarei entre as pedras do próprio lar.
Não me importa o que há a sua volta.
Quero-te. Se não crês no amanhã,
prova o quão frouxo estão nossos laços,
temos pouco tempo para refazer os nós.

Não compare a petúnia com a semente
e sim com a raiz
para que seja dissoluta toda despedida.

domingo, 5 de setembro de 2010

Momento V

Consta no tempo que não vens, enquanto petrificada
tranformo sua ausência em prata.
O meu corpo te lamenta, são as suas palavras
que pouco me importa. Importa-me ser reconquistada
a cada verso com a sua dialética lírica.

Posso transforma-me em prazeres se quiseres
e plantar no seu peito mil versos,
se assim quiseres.

Enquanto me praparo e não vens, dispo-me lentamente
das suas palavras, fico sozinha a supor se o amanhã virá.
Procuro pelo sumo da sua voz
enquanto percorro a casa minha, mas não o ouço.

Eu te amo, mas tu se afastas de mim
e eu me afasto de ti.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Meus Adornos

Empoçada de sonhos trilho o meu caminho
misto de desejos sempre mistos,
eles permanecem mudos entre-muros
e juntos em um esguio corpo escuro.

Acima dos sonhos está a imperfeição
das vontades, as palavras não arquitetadas,
o ar ocupando o lugar da respiração
de um corpo cheio dor, uivando para o nada.

Envolta na bruma, cheia de girassóis
liberto minha consciência onírica.
Ela brinca de fadas, duentes e gnomos
de uma insuportável maneira lírica.

-O que procuras menina? Disse-me o pavão.
-Girassol!
-Para que se não possui nem um sol?


...E então, perco-me de mim pelo absurdo.
É um ambiguo deleite para a alma.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Canto Agudo

Não há culpados, como não há nós
os nossos nós foram dasatados.
Sem dúvidas, seguirei sem fazer alarde
dando adeus ao mais-que-perfeito
e com a certeza que já fui tarde.
Lembrarei docemente dos sortilégios
mas eles não trarão arrependimento,
nem saudade.

Tenho o privilégio de reconhecer
que não foi falso,
nem pequeno,
foi um viver.

Momento IV

Deverias ter me detido,
apenas por um instante.
O que resta será pontilhado
de poesia e não mais será feito
o gozo teu.
Petrificada, restauro o pudor.

A sua carne, não causa mais medo
desvendamos todos os segredos
enquanto bebias o meu leite,
afagamos a ira vasta e inflexível
com a solidão,
nesse descaminho doloroso e fastio,
onde mostra-se cada vez mais hostil.

Sonharei com laços de pedras, elfos,
e suas patas quebradas...
Tudo isso, enquanto pinto de preto
o seu quadro perdido.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Momento III

É bom que se perca, que não venhas,
não quero ouvir o som dos ventos
nem carregar suposições no peito.
Nunca mais sorverei o sumo da sua fonte,
derreti os pilares da nossa ponte.
O sentimento se desfez com sua ausência,
seu corpo não se moverá mais junto ao meu.
Por mais que eu esteja suplicante,
findou o som dos nossos passos e
abrimos o peito para a disritimia.

Disse a minha estrela, que sou protetora
de todas as minhas ardências
e transformarei tudo em cintilância,
até os prazeres, o seu cheiro laborioso
controlando a minha ânsia,
comendo todos os seus últimos rastros.

Apenas resíduos,
estes,
findarão à luz do amanhecer.